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O controlo da população por CCTV levanta tanto problemas éticos como informáticos

 

 

 

 

Ao prescindir do nosso direito à privacidade criamos espaço para uma falsa sensação de segurança, a redução do crime passa por ensinar e proteger quem está mais vulnerável. Com câmaras o crime apenas muda de lugar.

Francisco Caldeira*

 

 

Sabemos agora que a Câmara Municipal de Cascais quer começar a usar um circuito de televisão fechado para controlo de algumas zonas no nosso concelho. Para além de recorrer, também, a modelos de IA para ajudar na deteção de perturbações na rua, modelos estes que são amplamente treinados com conjuntos de dados enviesados e assim prejudicam algumas comunidades da nossa sociedade.

Não obstante as questões técnicas associadas existem inúmeros dilemas éticos, prescindir da nossa liberdade e começar a ter uma constante monitorização da nossas vidas, mesmo que em espaços públicos, abre uma porta que não vai ser fácil de fechar, não pretendemos ter uma Xi Jipinzação da nossa sociedade.

Ao prescindir do nosso direito à privacidade criamos espaço para uma falsa sensação de segurança, a redução do crime passa por ensinar e proteger quem está mais vulnerável. Com câmaras o crime apenas muda de lugar.

 

*Francisco Caldeira, Engenheiro de software, eleito pelo BE na assembleia de freguesia de São Domingos de Rana.